Brasil submarino

Título: Brasil submarino

Autora/fotógrafa: Maristela Colucci (com texto do biólogo Ivan Sazima)

Editora: Metalivros

Publicado em 2005

Talvez você deva estar sabendo da exposição de Jon Mueck, na Pinacoteca de São Paulo, a qual irá até o dia 22 de fevereiro de 2015. Ontem, fomos até lá, meu marido e eu, na tentativa de conseguir entrar. O tamanho da fila às 15h da tarde, entretanto, nos desencorajou completamente. Decidimos, então, dar um pulo no Museu de Arte Sacra, do qual não pretendo falar. Pretendo sim falar um pouco do livro que encontrei na loja do museu: Brasil submarino. Descoberta das mais inesperadas, afinal, como poderia eu imaginar que num museu, em que há diversas estátuas de barro, dos séculos XVII e XVIII, com cabeças ou mãos faltando (o que me deu certos arrepios), iria acabar encontrando um belíssimo livro de fotografias da costa submarina brasileira?

Primeiro hesitei. O preço estava salgado. À medida, porém, em que eu folheava o livro, me apaixonava pelas imagens e, por fim, acabei não conseguindo resistir.

Ontem mesmo, ao chegar em casa, me debrucei sobre o livro e o devorei, de ponta a ponta.

O texto do biólogo Ivan Sazima é um alerta: precisamos nos engajar mais, nos conscientizar mais sobre a biodiversidade marinha do Brasil. A pesca inconsequente, o despejo indevido de poluentes nas águas costeiras, o turismo descontrolado, essas são algumas das causas das ameaças que pairam sobre esse mundo ainda tão pouco conhecido.

Quanto ao trabalho de Maristela Colucci, é de tirar o fôlego. As fotos são belíssimas e permitem identificar fauna e flora de 12 pontos da costa brasileira: Atol das Rocas (RN), Fernando de Noronha (PE), Salvador (BA), Abrolhos (BA), Ilha de Trindade (ES), Búzios (RJ), Ilha Grande (RJ), Paraty (RJ), Ubatuba (SP), Laje de Santos (SP) e Arvoredo (SC).

(Cardume de xiras, p. 51)

Maristela Colucci é uma das maiores fotógrafas subaquáticas do Brasil e a única (de acordo com o editor) a fotografar o mundo submarino em preto e branco. As fotos em preto e branco, aliás, não são menos atrativas do que as coloridas. Pelo contrário, acrescentam uma poesia inesperada à paisagem.

Além das informações fornecidas por Ivan Sazima, três foram os pontos que mais me agradaram. O primeiro foi ter descoberto coisas novas. Descobri, por exemplo, que em Cabo Frio e Búzios há o encontro de uma corrente fria com uma corrente quente, o que se caracteriza como o fenômeno da ressurgência. Descobri, também, a existência da “narcose das profundezas”, que acontece quando o mergulhador desce a uma certa profundida, sem ter a mistura adequada de gases na garrafa, e acaba sendo afetado por essa “narcose”, que faz com que o mergulhador aja como se estivesse bêbado.

O segundo ponto que mais me agradou foi o relato de Maristela acerca de seu encontro com o peixe-boi Netuno, no Centro Peixe-Boi, do IBAMA. Diz ela:

“(…) passei uma tarde mergulhando com ‘Netuno’, o peixe-boi marinho macho que vive no oceanário do Centro. Não sei o que foi mais difícil: fotografá-lo ou sair da água, já que Netuno me abraçava o tempo todo.” (p. 30)

Achei tão sensível o relato. Fiquei com imensa vontade de conhecer Netuno e de abraçá-lo também.

Por fim, o terceiro ponto. Ao final da leitura, percebi que já sou capaz (acredito) de identificar algumas espécies marinhas, tais como os peixes Maria-da-toca, Sargentinho, o camarão-palhaço, a moreia verde, os golfinhos rotatores, a tartaruga de pente, dentre outras espécies. É a primeira vez que tenho a sensação de que sou capaz de identificar espécies marinhas. Não sei se isso se dá porque agora estou de fato me dedicando ao assunto, ou porque as fotos de Maristela são mesmo muito impressionantes. Só sei que conclui a leitura e a apreciação das fotografias muito feliz.

Brasil submarino é um livro para ser revisitado muitas e muitas vezes.

Bem, é isso. Fico por aqui.

Um grande abraço e ótimas navegações.

Rô.

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