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Disco de Secchi

Olá, navegante! Te desejo as boas vindas ao blog, caso hoje seja sua primeira visita, e te desejo um ótimo retorno a esse cantinho, caso você já seja navegante aqui de casa.

Por aqui, em São Paulo capital, enfrentando um calor medonho, desejando apenas banhos frios e muita muita água, abençoada água, sem a qual simplesmente não estaríamos ou seríamos aqui.

E, bem, vamos ao que viemos (hoje estou cheia dessas).

Hoje é a semana de um instrumento oceanográfico, de acordo com nosso calendário de postagens oceanográficas para 2021, e talvez você imagine – e muito provavelmente com acerto – que instrumentos oceanográficos sejam geringonças bem caras, não é mesmo? CTDs, sensores meteorológicos, perfiladores acústicos, veículos operados remotamente… verdade, tudo isso custa muito e dificilmente é algo que iremos adquirir pagando de nosso próprio bolso, ainda que sejamos formados e trabalhemos com oceanografia (já imaginou ter um ROV na sua garagem?!). Mas um dos primeiros instrumentos com que temos contato na vida oceanográfica é, na verdade, um instrumento extremamente simples, de baixo custo, fácil de ser transportado, um instrumento que pode ser usado em qualquer corpo de água e que permite – elemento importantíssimo – comparar os dados obtidos. É ele, o excepcional, o queridinho nos bastidores e palcos da oceanografia, o célebre Disco de Secchi! Ok, talvez eu esteja exagerando, mas que é célebre no mundo da oceanografia, isso ele é.

E o que é exatamente o Disco de Secchi? Bem, o nome é esclarecedor: trata-se de um disco, tipo LP, sabe? (neste momento você deve estar calculando minha idade, né?), feito de ferro ou acrílico, com 20-30 cm de diâmetro, que pode ser totalmente branco ou com partes alternadas brancas e pretas. Com um peso em sua base, o disco é preso a um cabo de náilon graduado (com marcações espaçadas, medidas em centímetros). E por que Secchi? O nome se refere ao padre italiano Pietro Ângelo Secchi, inventor desse instrumento, o qual foi utilizado pela primeira em 1865, no Mar Mediterrâneo.

Representação de uma medição feita com disco de Secchi (fonte da imagem aqui).

E para que serve o Disco de Secchi? Você, muito provavelmente, já deve ter ouvido falar em zona eufótica, não é a mesmo? A zona eufótica nada mais é do que a região de um corpo de água, considerado em sua profundidade, que recebe luz suficiente para que ocorra a fotossíntese. Para se conhecer a profundidade considerada o limite da zona eufótica, isto é, a profundidade na qual apenas 1% da radiação solar incidente é detectada, é preciso determinar o coeficiente de atenuação da luz, o qual podemos estimar se conseguirmos determinar qual a profundidade de Secchi (ou a profundidade de desaparecimento visual do disco de Secchi), correspondente à profundidade de 10% da luz incidente. Com esse coeficiente de atenuação da luz também podemos calcular a radiação solar que penetra até uma profundidade z.

Assim, resumidamente, temos que:

k = 1,7/ZDs , onde k  é o coeficiente de atenuação da luz e ZDs é a profundidade de Secchi.

Com esse k, podemos obter o limite da zona eufótica (Zeu) e a radiação solar que penetra até uma profundidade z (Iz).

Zeu = 4,6/k.

Iz = I0 e-kz, onde I0 é a radiação que atinge a superfície da coluna de água.

A unidade de k é m-1.

A unidade de Zeu é m.

A unidade de Iz é W m-2.

E como usamos o Disco de Secchi? Primeiro, precisamos nos posicionar na embarcação do lado em que a embarcação esteja projetando sombra. É importante, caso a embarcação esteja ancorada, averiguar se a âncora não gerou distúrbios no fundo, levantando, com isso, sedimentos, que podem prejudicar a medição. A seguir, devemos baixar lentamente o disco, segurando pelo cabo graduado; quando o disco desaparecer, anotamos a profundidade em que ele se encontra. Por fim, levantamos lentamente o disco e, assim que ele voltar a aparecer, anotamos mais uma vez a profundidade. A profundidade de Secchi será a média dessas duas medidas. “Preferivelmente, as medidas devem ser realizadas entre as 10 e as 16 horas, já que nesse período os raios solares incidem em ângulo similar” (Manzolli, Portz e Paiva, 2011, p. 142). Também é importante que todas as leituras sejam feitas por um mesmo observador, visto que cada pessoa apresenta um sensibilidade visual distinta.

Disco de Secchi: (A) instrumento; (B) observações da transparência da água (Fonte: Estudos oceanográficos: do instrumental ao prático, 2011)

Veja que o que se está fazendo é simplesmente avaliando a transparência da água. Quanto mais transparente for a água, maior é a penetração da radiação solar e, consequentemente, mais profunda será a zona eufótica. Algas, material em suspensão e matéria orgânica podem aumentar a turbidez, ou seja, diminuir a transparência da água.

É ou não é uma engenhoca supimpa? Espero que tenha gostado de conhecer o Disco de Secchi. E se puder e quiser, visite nosso perfil no Instagram.

Um grande abraço e excelentes navegações.

Rô.

Referências

* Manzolli, Portz e Paiva In Estudos oceanográficos: do instrumental ao prático / organizador Danilo Calazans (pp.141-143).

* “Efeitos do enriquecimento artificial sobre o regime de luz subaquático e dinâmica de nutrientes em mesoambientes com piscicultura“.

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Oceanografia & afins, ODS e a Década dos Oceanos

Olá, navegante! Este é o primeiro post de 2021, abrindo a série temática Década dos Oceanos (2021-2030) que, como comentei no último post, será o tema da primeira semana de cada mês. E para tratarmos desse tema, é essencial que entendamos o que significa entrarmos nesta década.

A Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, ou simplesmente Década dos Oceanos, foi instituída pela ONU, com a intenção de sensibilizar e convocar os países a implementarem o plano da Agenda 2030.

O primeiro passo que podemos dar nesta década, enquanto navegantes que somos, pessoas certamente preocupadas com os rumos do mundo, é conhecer mais de perto os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), apresentados na Agenda 2030, de maneira a identificar o que cada um pode fazer, dentro do seu campo de atuação. E um bom lugar para dar início a essa empreitada é o site Plataforma Agenda 2030. Lá, você pode começar assistindo a um vídeo bem bacaninha, que explica de maneira didática o que é a Agenda 2030 e as razões de ser desse plano. Pode também ler sobre a forma como os ODS conversam entre si, além de encontrar relatórios e outras publicações disponíveis.

Em junho de 2020, fiz um post aqui sobre a Agenda 2030. Nesse post, compartilhei com você qual o meu plano, a minha agenda para a década. Elenquei alguns itens que, a meu ver, estão dentro daquilo que posso fazer. São ações que, talvez, pareçam pequenas e de curto alcance mas que, penso eu, correspondem apenas às minhas primeiras ações, minhas primeiras milhas navegadas nesse oceano imenso de possibilidades.

E você, já elaborou sua agenda de ações? Compartilhe com a gente. Vamos conversar sobre isso.

É preciso divulgar. Conhecer os problemas, identificar soluções e encontrar a nossa maneira de contribuir para o mundo que queremos.

Grande abraço e excelentes navegações.

Rô.

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Novos ares, 2021

Bom dia, navegante! Este fim de ano tem enchido a todos de esperança. Esperança de que 2021 será um ano mais gentil, de que será desenvolvida uma vacina contra a Covid-19, de que, apesar dos percalços quase certos relativos à economia do país, encontraremos formas de seguir nos renovando, nos ajudando mutuamente, alcançando metas. Temos claro, contudo, de que não se trata de virar o ano, virar a página e, como num passe de mágica, nos vermos livres dessa pandemia. Infelizmente não é assim que as coisas funcionam, haverá ainda muito distanciamento social, trabalhos remotos, restrições. Precisamos iniciar 2021 com esperança, mas com pé no chão, não é mesmo?

Aproveitando este período de planejamentos, organizei o novo padrão de postagens para o blog e para o Instagram. Na verdade, é a primeira vez que organizo um padrão de postagens, então, não é bem um novo padrão, mas um padrão. 🙂 Com isso, minha intenção é tornar a atividade de postagens mais simples para mim – uma vez que já saberei o que irei postar, com que frequência, em que momento, se no blog ou se no Insta – e manter a constância das publicações, para que você possa seguir acompanhando as reflexões, informações e curiosidades por aqui, num ritmo que não seja atropelado mas tampouco aleatório e muito espaçado. Busquei fazer o melhor planejamento possível, tendo em vista que sou apenas eu cuidando do Oceanografia e Afins – com o apoio crítico do marido, também gentilmente voluntário para ajeitar layouts de posts do Instagram, além de, obviamente, sempre contribuir com as fotos mais artísticas que posto por aqui.

Planejamento de postagens para 2021.

A ideia, como se pode ver pela tabela acima, foi estabelecer um “tema” para cada semana do mês. Assim, toda semana 1 trará alguma informação relacionada à Década dos Oceanos, tanto aqui no blog quanto no Instagram. Como você pode observar, criei 6 tópicos que se repetirão duas vezes no ano, por exemplo, em janeiro e em julho, trarei informações sobre algum site que tenha como objetivo tratar da Década dos Oceanos, em fevereiro e agosto, abordarei algum projeto que esteja sendo desenvolvido por ONGs, universidades e outras instituições e que igualmente se associem à Década. E assim por diante.

Quanto à semana 2, serão publicados apenas no Instagram “Desafios aos navegantes”. Serão quizzes que abordarão curiosidades oceanográficas. A ideia é despertar a curiosidade e angariar a participação de mais navegantes nesse mundo do Oceanografia e Afins.

A semana 3 será de contemplação. Irei postar uma foto no Instagram que permita compartilhar informações e reflexões oceanográficas. O objetivo é que eu consiga postar somente fotos autorais. Nisso ainda precisarei trabalhar um pouco mais.

Quanto à semana 4, a ela reservei os posts, tanto no blog quanto no Instagram, sobre instrumentos oceanográficos. A seleção dos instrumentos foi feita buscando trazer a maior variedade possível, no que diz respeito às grandes áreas da Oceanografia (biologia, geologia, química, física). A intenção é apresentar o instrumento, falar um pouco de seu funcionamento e abordar alguns de seus principais usos.

Com esse planejamento, o Instagram irá receber quatro postagens mensais, enquanto que o blog irá sistematicamente receber apenas duas, uma relativa à Década dos Oceanos, na primeira semana de cada mês, e outra com a apresentação de um instrumento oceanográfico, na quarta semana. Esse planejamento engloba, para o caso do blog, apenas aquilo que será sistemático, periódico. Pretendo continuar trazendo minhas reflexões de Diário de Bordo e comentários de leituras que irei fazer ao longo do ano e que tratem de algum tema que se associe a esse cantinho de compartilhamento.

E por falar em leituras, acabei de publicar um post no Instagram sobre minha meta de leituras de 2020, com muita alegria alcançada. Foram quatro livros por mês, alguns deles comentados aqui no blog, isso sem contar as leituras de muitos, muitos artigos científicos para o doutorado. Ainda não me decidi sobre a meta de leituras de 2021. Não sei se será pautada em quantidade de livros por mês, porque isso acabou, de certa forma, limitando um pouco a escolha dos livros – livros muito extensos/densos acabaram sendo deixados de lado.

É isso, navegantes. Fico por aqui.

Deixo meu abraço e, como sempre, desejo a você excelentes navegações.

Rô.

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Balanços e reflexões

Olá, navegante. Como tem passado? Espero que esteja com saúde e bem. Aproveito para lhe desejar um final de ano tranquilo, com brisas suaves, de acalento e luz. E vamos juntos torcer para que 2021 seja um ano mais acolhedor, mais amigo.

Este mês, por ser um período de finalização de disciplinas da pós, além de ser naturalmente um período de conclusões de projetos e de planejamentos, limitei-me a publicar apenas o calendário oceanográfico de dezembro, como você deve ter visto, uma imagem singela do eclipse parcial do sol, que aconteceu no dia 14, e dois posts de balanços e reflexões (aqui e aqui). Tudo isso no Instagram.

Aqui no blog, gostaria de aproveitar o momento de reflexão, de fim de ano, fim de ciclo, para contar um pouquinho sobre os passos que temos dado em direção a uma vida que deixe pegadas mais leves e que contribua, ainda que apenas um pouquinho, para tornar o mundo o lugar que queremos. Sabemos que a jornada não é fácil, que nem tudo o que planejamos dá certo, que muitas vezes parece que nadamos contra a corrente. Faz parte da jornada. O importante é que a gente não desista, que nos lembremos de que cada um importa, cada gesto conta.

Há alguns meses temos buscado reduzir nosso consumo e torná-lo, na medida de nossas possibilidades, mais sustentável. Para começar, abandonamos a compra de produtos de limpeza. Atualmente, eu mesma tenho produzido o sabão que serve para a limpeza da casa e lavagem da roupa. Uma única receita, com apenas três ingredientes, que encontrei no blog da Cristal, Uma vida sem lixo. Além da redução do lixo plástico dos recipientes, os ingredientes são menos agressivos ao meio ambiente (apenas água, sabão de coco vegetal e bicarbonato de sódio – e um pouquinho de álcool para ajudar na diluição do sabão de coco). Outro item abolido foi o absorvente íntimo feminino. Optei por utilizar calcinhas absorventes laváveis e deu super certo. Algumas mulheres preferem o coletor menstrual, mas eu me senti mais confortável com a opção das calcinhas. Ambas válidas, cabe a cada uma escolher a que lhe é mais confortável. De todo modo, o importante é que, além de economizarmos a longo prazo, produzimos muito menos lixo.

Também substituímos os xampus e condicionadores convencionais pelas versões em barra. Redução enorme de lixo e os produtos têm funcionado perfeitamente. Além disso, este mês decidimos comprar desodorante natural vegano e pasta dentífrica vegana, ambos reduzem a produção de lixo, uma vez que as embalagens são biodegradáveis (a do desodorante é de papel!) e não agridem a vida animal, por serem veganos. Obviamente são produtos ainda um pouco mais caros do que gostaríamos. Estamos em busca de receitas para tentarmos fazer a produção desses itens em casa. Ainda não chegamos a esse nível.

Por fim, decidimos adotar o veganismo. A transição foi mais fácil do que imaginávamos. Não sofremos com restrições. A princípio chorei minhas pitangas porque adoro queijo. Mas, em menos de um mês, posso dizer que não sinto a menor falta. Pipoca com levedura nutricional, por exemplo, substitui muito bem a pipoca com queijo. 🙂 Sempre amei mel, outro item que pensei que lamentaria não consumir. Mas descobrimos que o melaço de cana é um substituto perfeito e, pelo que lemos, mais rico do que o próprio mel. A manteiga também era um dilema. Sou fã de pão com manteiga. Mas recém descobrimos a manteiga de coco. Estou satisfeita e feliz com a troca. No mais, todos os pães, tortas e doces que sempre adoramos fazer, tudo tem sido feito em versões veganas. Eu, honestamente, não sinto diferença nos pães e tortas. Alguns doces ficam um pouco diferentes, mas depois que meu marido conseguiu fazer um cajuzinho com doce de avelã vegano, não tenho do que reclamar. Com relação a carnes, ovos e peixes, não tenho sentido falta. Há mais de vinte anos que não comia carne vermelha nem carne de aves. Comia peixe ainda, apesar de não muito regularmente. Carne de jaca e hambúrgueres de berinjela e grão de bico têm cumprido mais do que bem o papel que caberia às carnes. Ovos foram muito facilmente eliminados. Há anos não tomamos leite (na verdade, não gosto muito de leite). Ou seja, estamos satisfeitos (de corpo e alma!).

Maravilhoso pão vegano.

A opção pelo veganismo nos pareceu natural, diante da busca por uma vida que seja menos agressiva, por uma vida mais compassiva. Entendemos que nossa posição de seres racionais, dotados de inteligência, implica, mais do que direitos e poderes, deveres. Temos deveres e responsabilidades para com todos os demais seres sencientes. Se podemos viver bem, de forma saudável, sem restrições que acarretem prejuízos e, ao mesmo tempo, sem causar a dor e a morte desnecessária de animais, por que não fazê-lo?

Cajuzinho e beijinho veganos.

Tenho feito, atualmente, um curso muito bacana de organização, com a Thais Godinho, do Vida Organizada. A proposta é que a organização nos permita ter uma mente mais tranquila, uma vida mais tranquila; que tenhamos em nossa casa apenas aquilo que nos faz feliz, eliminando as tralhas (que nada mais são do que objetos que já não têm sentido em nossa vida). Não se trata de ser uma pessoa aficionada por post-its, caixinhas organizadoras e planners, muito longe disso. Trata-se de reconhecer prioridades, avaliar nossos valores e harmonizar nosso entorno com aquilo em que acreditamos. E é isso que estou tentando aplicar em minha vida no momento. A redução do lixo e o veganismo são ações que estão em harmonia com valores em que acredito. E devo dizer que, quando conseguimos aplicar esse estado harmônico em nosso cotidiano, a sensação é muito boa.

Ceia sem peru de Natal.

Este mês conseguimos doar muita coisa. Objetos que não tinham mais razão de ser em nossa casa. E foi bom fazer isso. Abrem-se espaços e, concomitantemente, sabemos que alguém irá se beneficiar das doações. O coração fica aquecido quando fazemos isso.

Prato com carne de jaca e capuchinhos. Aliás, PANC é o que há. (PANC: Plantas alimentícias não convencionais)

Sabemos que ainda há muita coisa que podemos fazer. Mas os primeiros passos foram dados. E é assim, não é mesmo? A jornada sempre se inicia com o primeiro passo. Esperamos que 2021 seja um ano de muitas trilhas.

É isso. Em breve volto pra contar um pouquinho sobre os novos formatos de postagens que estou planejando para o próximo ano.

Um grande abraço e excelentes navegações.

P.S. Todas as fotos foram tiradas por Rodrigo Mutuca (aka meu marido).

Rô.

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Calendário Oceanográfico – Dezembro de 2020

Olá, navegante!

A segunda quinzena de novembro foi um pouco atribulada por aqui. Mas não deixamos de destacar alguns temas importantes, em conjunto com as datas que haviam sido elencadas para o calendário oceanográfico.

Trouxemos algumas informações sobre a unidade de fluxo volumétrico Sverdrup, conversamos um pouco sobre o Ministério do Meio Ambiente, destacamos o aniversário de Huntsman e aproveitamos para falar sobre a situação atual dos estoques pesqueiros e, por fim, homenageamos Georg Forster sugerindo algumas leituras de narrativas de viagem.

E hoje, Dia da Antártica, trazemos o calendário oceanográfico de dezembro. Esperamos que você encontre informações interessantes por aqui. Torcemos para que este espaço siga sendo um cantinho para aprender e para compartilhar.

E não se esqueça, estamos no Instagram (@oceanografiaeafins). Siga a gente por lá também!

Um grande abraço e excelentes navegações!

Rô.

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Diário de Bordo

Reflexões de jornada

Antes de iniciar o post de hoje, gostaria de lembrar que esta semana aconteceu a XV Semana Temática de Oceanografia, organizada por alunos da graduação do Instituto Oceanográfico da USP. As gravações das palestras, mesas-redondas e trabalhos estão disponíveis no site da XV STO. Então vá lá, aproveite, porque há muita coisa boa, muitas informações atuais sobre o estado da arte, oportunidades de trabalho, discussões ambientais sobre os manguezais, vale muito a pena. Não perca.

Também quero lembrar que já estamos chegando na metade do mês de novembro e, em nosso calendário oceanográfico, já homenageamos a grande cientista Marie Curie, vencedora de dois prêmios Nobel, a primeira mulher a receber esse prêmio, e que se tornou uma inspiração para todas as jovens que aspiram a ser cientistas; nesse mesmo post buscamos incentivar a divulgação da ciência feita por mulheres. Participe lá no Instagram! Homenageamos também Carl Sagan, um ótimo representante do “afins” aqui do nosso Oceanografia e afins. Divulgador da ciência que nos deixou várias mensagens, dentre as quais destaco uma das mais valiosas: precisamos fazer ciência e compartilhar ciência. Portanto, amanhã, vamos todos votar com consciência.

Hoje eu gostaria de compartilhar um pouquinho do meu percurso na oceanografia, bem como algumas reflexões envolvidas. Acho que estava devendo isso por aqui e, acredito, minha trajetória e minhas ponderações podem servir a você, navegante, na construção de sua própria história, nem que seja com um tijolinho.

Se você me acompanha aqui no blog, já deve saber um pouco da minha trajetória. Aos 19 anos entrei na FFLCH-USP, onde cursei a graduação (bacharelado seguido de licenciatura) em Letras, me engajei em pesquisas do arquivo e da obra do escritor pernambucano Osman Lins (autor da peça de teatro Lisbela e o Prisioneiro), tendo feito duas iniciações científicas Pibic, às quais se seguiram um mestrado pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, sob orientação de especialista na obra osmaniana, Sandra Nitrini. Esse trabalho todo rendeu duas publicações em livro, uma em que participei, ainda durante o período de IC, com um ensaio breve, Marinheiros de Primeira Leitura, de 2004, e outra em que participei como organizadora, juntamente com o escritor Hugo Almeida – Quero falar de sonhos, de 2014.

Talvez você esteja se perguntando o que tudo isso tem a ver com a oceanografia, não é mesmo? A verdade é que, em 2001, quando passei no vestibular da USP, não havia graduação em Oceanografia nessa universidade, havia apenas os cursos de pós (a graduação surgiu no ano seguinte) e, na época, eu não tinha conhecimento nem desprendimento suficientes para me jogar numa graduação fora do estado. Eu vinha de uma vida de escola pública, no meu núcleo familiar eu seria a primeira a cursar uma universidade, mal conhecia minhas possibilidades (fui saber da existência da USP no meu segundo ano do Ensino Médio – colegial, na época – e só fui ter acesso à internet quando já estava para iniciar a faculdade – internet discada, diga-se de passagem…uau, como as coisas mudaram). Tudo isso pra dizer que escolhi, naquele momento, minha segunda opção de carreira, deixando pra trás o sonho de viver no mar e para o mar. E, fato é, me envolvi com o curso, tudo era novidade e encantamento. Aprendi muito, me envolvi com a licenciatura de forma intensa – já dei aulas de português e de idiomas também -, adoro lecionar, porque adoro compartilhar conhecimento.

Em 2011, com o fim do mestrado, definia-me como professora de idiomas (francês e inglês sendo os carros-chefes dessa minha carreira) e estava bem com isso. Havia encontrado meu companheiro de estudos e de vida, cuidava das minhas plantas, dos meus gatos e… e, bem, comecei a sentir um vazio. Daqueles que fazem buraco na alma. Conhece?

A oceanografia me chamava. Uma parte de mim dizia: mas o que é isso, você está louca? nessa idade? outra faculdade? imagina, se joga nas aulas e fica de boinha. Outra parte de mim só ruminava: continuar o que está fazendo é mais fácil, fato, mas você vai se arrepender um dia de nunca ter nem tentado. E isso eu não queria de jeito nenhum, me arrepender de não ter ao menos tentado. Foi quando criei o blog, em 2014, e em agosto desse ano decidi que prestaria o vestibular, então ingressei numa daquelas turmas de cursinho intensivo. Em 2015 passei no curso e me vi novamente iniciando uma graduação.

Não sei quantos anos você tem, navegante, nem como você lida com as questões da idade, mas a verdade é que no primeiro ano da graduação, além do encantamento certo com tudo, com todas as disciplinas, com os laboratórios, com os professores, tornou-se pensamento constante, quase obsessivo, o quesito idade. Eu tinha o dobro da idade da maioria dos meus colegas de turma. E eu sei que isso não deve ser barreira, que há pessoas mais velhas com mentes muito mais abertas e plásticas do que muitos jovens por aí. Mas pra mim, mulher, na casa dos trinta, foi um verdadeiro tormento particular. E isso porque os colegas nunca pareceram me tratar com qualquer distinção quanto a isso, pelo contrário, sempre me senti muito querida e acolhida. O problema maior é que pra muita coisa eu não tinha mais paciência: lista de chamada, sermão de professores, algumas avaliações que deixavam a desejar (meu olhar de professora me fez espernear em vários momentos, tudo mentalmente, claro), carteiras desconfortáveis… Não desisti, porém. Nunca fui de desistir. Talvez isso seja até um mal, de certa forma, porque me forço muitas vezes a levar projetos adiante, mesmo que não me façam mais feliz, simplesmente porque os comecei e preciso terminar. Enquanto esse burburinho todo de pensamentos me atormentava quase que diariamente, eu consegui lidar com outros tantos percalços, em especial as disciplinas de cálculo e de física (Física I me levou à terapia pela primeira vez na vida). Perdi as contas de quantas vezes chorei de frustração diante de uma equação. Mas nunca abandonei equação nenhuma. Conclui a graduação em 2019, sem recuperações ou DPs (não que isso seja grande coisa; mas considerando meu trajeto de Humanas e minha formação precária em disciplinas de exatas, considero isso como uma pequena vitória pessoal).

Durante a graduação conheci muita gente bacana, incluindo dois dos meus melhores amigos, visitei lugares belíssimos durante as disciplinas práticas, embarquei em navios de pesquisa, fiz três ICs (Fapesp e Fusp), participei de algumas publicações de artigos, e não abandonei este blog (apesar de tê-lo deixado meio às moscas em vários semestres críticos). E em setembro deste ano comecei meu doutorado em oceanografia geológica, sob orientação do professor Michel de Mahiques.

Contando assim, nem parece que as coisas foram tão difíceis, né? É verdade que sempre contei com apoio do meu marido, dos meus colegas, dos professores, do meu orientador. Apesar de ter trabalhado durante toda a graduação, meu trabalho como professora particular e pesquisadora (durante as ICs) me permitiam sempre ter uma maior mobilidade de horários (ainda que durante os primeiros quatro anos eu tenha saído de casa todos os dias às 5h30 para pegar ônibus menos cheio e poder realizar as atividades de laboratório com maior tranquilidade). Reconheço os privilégios que tive e tenho. Mas, hoje, refletindo sobre este meu percurso, não posso deixar de observar a existência de alguns monstros internos. O primeiro deles já mencionei, a idade. Estou com 38 anos (logo mais, 39) e acabo de iniciar um doutorado. Isso me assusta um pouco. Especialmente quando me dou conta de que não tenho ainda um objetivo profissional muito claro. Como eu disse, amo lecionar, logo, o trajeto mais seguro seria o acadêmico, em busca de, um dia quem sabe, me tornar professora nalguma faculdade de oceanografia. Confesso, porém, que nunca me vi professora nesse nível. Amo lecionar e ponto. Na esfera universitária os compromissos do professor vão além. Não me sinto preparada pra isso e, vamos lá, já estou chegando nos quarenta e não me sinto preparada pra isso, repito.

Aqueles maravilhosos intercâmbios que alguns colegas conseguiram ou estão conseguindo realizar e que, acredito, são essenciais para a construção de uma base sólida de aprendizado, me parecem fora de questão. Ao menos os mais longos. Não me vejo longe do meu marido e gatos por mais do que três meses (já cheguei a ficar um mês distante e foi um baita sufoco emocional).

Gosto muito da pesquisa que estou desenvolvendo. Aliás, vou tentar resumir aqui o que estudo no doutorado: você, navegante, deve saber que se nos distanciamos da costa, navegamos por sobre a plataforma e, se continuamos a nos afastar, atingimos a superfície da coluna de água que recobre o talude – sempre representado em figuras esquemáticas, com exagero vertical, como sendo uma rampa do fundo marinho que vai da plataforma até o sopé. Pois bem. Foram coletadas amostras de sedimento depositado nessa região de talude de quatro bacias (pense numa bacia mesmo – exagerando aqui a imagem, claro) ao longo das costas do Brasil e do Uruguai: bacias de Campos, Santos, Pelotas e Punta del Este (de norte pra sul, respectivamente). O meu trabalho consiste, atualmente, em identificar as assinaturas geoquímicas (as características distintivas) dos sedimentos de cada bacia, reconhecendo potenciais influências de fontes como o Rio da Prata, avaliando, para isso, as interações com a circulação de correntes e massas de água. Para isso, preciso fazer análises químicas em laboratório, para identificar especialmente os metais presentes nas amostras e, posteriormente, com os dados em mãos, realizar muitas e muitas leituras de trabalhos publicados nessa área (as leituras, na verdade, já acontecem desde antes de ter esses resultados), tratar os dados estatisticamente, estabelecer uma conversa com as referências bibliográficas disponíveis, de maneira a poder elaborar essa descrição das assinaturas. É um trabalho que vai contribuir, acredito, para o reconhecimento e conhecimento do nosso quintal, nosso maravilhoso Atlântico sudoeste. Se comparamos o que se sabe dessa porção do Atlântico com o que se conhece do Atlântico norte, é de nos deixar embasbacados o quão pouco sabemos sobre o que há debaixo do nosso tapete de águas atlânticas. Conhecer é sempre um passo importante para a construção de uma ciência de base (em oposição a uma ciência de ponta).

Enfim, gosto muito desse trabalho, adoro aprender, adoro compartilhar conhecimento, e acredito que meu caminho seja por aí. Mas meus monstrinhos interiores continuam inquietos. Por isso mesmo iniciei um curso voltado para organização, da vida de fato. Preciso aprender a priorizar, reconhecer mais claramente meus objetivos. Mas isso já é assunto pra outro post.

Por fim, uma última reflexão que deixo como mensagem pra você, navegante: nunca se compare com os outros, não menospreze seu percurso porque fulano ou ciclano fizeram assim ou assado. Compare-se sempre a você mesmo. Onde você estava ontem? Onde está hoje? Como disse Hemingway: “There’s nothing noble in being superior to your fellow man; true nobility is being superior to your former self.

É isso. Espero que você tire algum proveito desse post enorme.

Vou ficando por aqui.

Grande abraço e excelentes navegações.

Rô.

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Calendário Oceanográfico – Novembro de 2020

Olá, navegante. Bem-vindo de volta ao blog. Hoje iniciamos novembro, mês de eleições municipais, mês de tomadas de decisões. Então, temos muita reflexão a fazer, certo?

No que diz respeito à oceanografia e afins, temos um mês de aniversários: de Marie Curie e Carl Sagan ao Ministério do Meio Ambiente. O que buscarei fazer aqui é trazer algum tópico oceanográfico interessante atrelado às figuras destacadas no calendário deste mês. Espero que você goste da seleção.

Além dessas datas, não se esqueça de que este mês, do dia 9 ao 15, temos a Festa do Livro da USP, virtual este ano; portanto, pretendo buscar algumas dicas de livros que, preferencialmente, possam ser encontrados nessa Festa do Livro.

É isso, navegante. Me conta aqui se gostou do calendário deste mês. Aproveita pra comentar sobre o que você gostaria de encontrar nesses calendários oceanográficos, e mais, o que gostaria de encontrar por aqui. Logo entro no modo “planejamento 2021” e pretendo tornar este espaço mais interessante pra você. Compartilhe comigo. 😉

Um grande abraço e excelentes navegações.

Rô.

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STO e Festa Virtual do Livro

Olá, navegante! Como você tem passado este ano tão peculiar? Espero que esteja sobrevivendo e mantendo seu diário de bordo (com ideias, planos, desabafos, de tudo um pouco e sem frescuras – pode juntar uns palavrões também, faz parte). E se está por aqui, acredito que esteja em busca de algo oceanográfico pra deixar seu dia mais azul – ou talvez tenha vindo pela boa conversa e pelo café, pode dizer. 😉

Apesar da minha baixa frequência por aqui este mês, não posso deixar de mencionar as datas selecionadas, que acabaram recebendo apenas um lembrete singelo no Instagram (não! não estou trocando o blog pelo Instagram, amo este cantinho, juro!):

19.10: Aniversário de Walter Heinrich Munk

24.10: Fundação da Organização das Nações Unidas (e aniversário da minha irmã Raquel, maravilhosa!)

E no espírito dos ODS, da Agenda 2030 (de que já falei AQUI) da ONU, aproveito para divulgar a Semana Temática da Oceanografia (divulgação em prol do ODS 4: educação de qualidade), que acontecerá online, de 9.11.20 a 13.11.20, e que está com inscrições abertas para oficinas e minicursos (confira AQUI).

E para aqueles que estavam tristes pensando que este ano ficaríamos sem a Festa do Livro da USP, podem sorrir, porque teremos a Festa Virtual do Livro da USP 2020! Lembrete mais do que conveniente, afinal, dia 29.10 celebramos o Dia do Livro, navegante. Então, aproveite.

Vou ficando por aqui.

Um grande abraço e excelentes navegações.

Rô.

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Do Dia do Mar ao Dia do Consumo Consciente

Olá, navegante! Sentiu falta de alguns posts por estes dias? Espero que tenha sentido, afinal, desde a última publicação, nosso calendário oceanográfico destacou três datas importantes:

12.10: Dia do Mar

13.10: Dia Internacional para a Redução de Catástrofes

15.10: Dia do Consumo Consciente

Clicando nos links acima, você poderá visitar nossos posts no Instagram. Não pense, porém, que foi descaso com o blog. De modo algum. Fiquei me remoendo por estes dias por não ter dado um pulinho aqui pra conversar com você, um pouquinho que fosse. As últimas semanas, porém, têm sido uma correria pra mim (fazendo mil coisas ao mesmo tempo – eu sei, eu sei, preciso me conter) e não consegui sentar pra escrever nada. Mas hoje estou aqui pra bater um papo.

E considerando as datas selecionadas para esta semana que passou, acho que vale a pena termos uma conversa sobre nossas atitudes em relação ao meio ambiente, não é mesmo? Talvez pareça martelar a mesma tecla, mas a questão é séria. Não podemos fazer pouco caso dela.

Imagino que você, assim como eu – considerando seu interesse pelo tema da oceanografia (afinal, você está aqui, certo?) – se preocupa com o que temos feito de nosso planeta, uma preocupação que, infelizmente, está muito bem fundamentada.

E apesar de eu adorar o filme Interestelar (não apenas porque gosto muito do MacConaughey, que fique claro), no qual se defende, de certo modo, que, apesar de termos surgido nesta Terra, não estamos fadados a continuar nela, trazendo a deliciosa proposta de migração para um outro planeta (adoro ficção científica, adoro viagens espaciais, adoro, adoro e não nego), não acredito que devamos encarar este planeta como uma casa passageira, e muito menos com a ingratidão com que temos feito uso dela. Precisamos nos responsabilizar pelas cicatrizes, muitas delas extremamente profundas, que estamos deixando aqui, e encontrarmos formas de deixar pegadas mais gentis neste mundo.

Até não faz muito tempo, eu tinha bastante dificuldade para enxergar que minhas pequenas ações poderiam fazer alguma diferença. Lamentava constantemente minha incapacidade de realizar algo que pudesse, verdadeiramente, contribuir para a melhoria do mundo. Achava que tudo o que eu fazia não passava de vã tarefa, que nenhum efeito positivo poderia ter sobre o planeta, sobre as demais pessoas. Às vezes, ao separar o lixo para reciclar, pensava de mim para mim: Ah, mas pra quê? De que adianta? Eu reciclo e meu vizinho não. Eu não uso mangueira pra lavar quintal e calçada, mas meu vizinho não só faz isso, como lava o carro duas vezes na semana, gastando água como se ela fosse infinita.

Mudei um pouco. Comecei a descobrir pessoas que muito antes de mim não apenas reciclam, mas estão reduzindo consideravelmente sua produção de lixo. Encontrei pessoas que não apenas evitam consumir produtos que venham em embalagens plásticas, como têm, há muito, produzido seus próprios produtos de limpeza e higiene. Para essas pessoas, eu devia parecer uma ogra. Cheguei à conclusão de que minha percepção estava me desviando do caminho das tomadas acertadas de decisão.

Bora lá, então, encontrar meio de aliviar minhas próprias pegadas. Aqui em casa abandonamos os produtos de limpeza convencionais. Aprendi a fazer um sabão líquido (com água, sabão de coco e bicarbonato) que serve para lavar roupas, lavar louça e limpar toda a casa. Também deixamos de comprar xampu e condicionador líquidos. Agora só utilizamos esses produtos em barra. E super funciona! A redução do lixo tem sido gradual. Podia ser melhor, mas estamos trabalhando nisso. Além dessas atitudes, há aquelas que meio já estavam comigo há muito tempo, como o fato de que economizo água sempre, compro pouquíssimas roupas, praticamente não uso maquiagem (comprei há pouco alguns produtos, por conta de minhas apresentações de dança – pois sim, eu danço -, mas tomei o cuidado de adquirir apenas produtos veganos e não testados em animais), não tenho carro – vivo relativamente bem com o transporte público -, enfim, coisas assim pequeninas. No fim das contas, essas ações saem menos caro do que algumas pessoas poderiam supor. Já ouvi gente dizer que esse estilo, digamos, ecológico de vida é caro. Mas o fato é que economizo muito. Gasto muito menos hoje com produtos de higiene e limpeza do que gastava há alguns meses. Gasto razoavelmente pouco com transporte (é claro que um carro, em algumas circunstâncias, é muito mais agradável e, talvez, possa ser mais econômico) e não costumo consumir sem pensar ao menos duas vezes. Sempre me pergunto antes de comprar qualquer coisa: preciso mesmo disso? há mesmo espaço para isso em casa? Às vezes deixo de comprar algo no momento da vontade e espero uns dias pra ver se vou me lembrar de que queria comprar aquilo. Na maioria das vezes me esqueço do desejo da compra e percebo que era fogo de palha. É um teste bacana pra se fazer sempre.

Não vou negar que tenho meus gastos aleatórios. Adoro comprar livros e sou assinante de uma caixa de itens bailarinísticos. É verdade, também, que volta e meia faço um curso de algo que escolho por puro prazer (curso de mandarim, treino de piruetas). Há coisas de que me desapegar, talvez. Mas o importante, acredito, é que estou constantemente, avaliando minhas ações e, pouco a pouco, tenho conseguido encontrar caminhos mais suaves. Afinal, esse planeta não é apenas meu ou seu, na verdade ele é de todos nós. E este “nós” a que me refiro inclui humanos e todas as demais espécies (algumas delas queimando, aliás… alertando para a necessidade de fazermos escolhas políticas também mais acertadas).

O tema é complexo. Demais. Tornar mais leves nossas pegadas não pode ser nossa única meta. Precisamos olhar para além de nossos mundinhos e não nos esquecermos de que há muita gente neste mundo precisando de nós. Não podemos ser surdos a isso tampouco. E talvez os Beatles tivessem razão ao dizer que “All you need is love“. Afinal, com amor pensamos na gente, no próximo, em todos os outros e em todo o planeta. Seria utópico demais sonhar com um mundo assim, em que cada palavra dita, cada ação tomada transpareça luz? O que você acha, navegante?

Fico por aqui.

Um grande abraço e excelentes navegações.

Rô.

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Navegando

Fridtjof Nansen

 

Olá, navegante! Hoje vamos falar um pouquinho de uma figura pra lá de especial.

Fridtjof Nansen (10.10.1861-23.05.1930) foi muitas coisas e tudo o que fez foi feito com excelência, desde os esportes que praticou durante a juventude, como o esqui, até o fato de que se tornou diplomata e humanitário à frente da luta, junto à Liga das Nações, em prol dos refugiados de guerra.

Ele possuía a resistência física para esquiar oitenta quilômetros por dia e a autossuficiência psicológica para embarcar em longas viagens, com um mínimo de equipamento e apenas seu cachorro como companhia.” (nobelprize.org)

Em 1888, atravessou a Groenlândia, na época um território inóspito e em grande parte desconhecido, estudou zoologia, publicou artigos e livros, projetou o amostrador de água, que você, navegante destas bandas, conhece como Garrafa de Nansen, além de ter concebido o Passaporte Nansen, um documento de identificação para refugiados, reconhecido em 52 países e emitido pela Liga das Nações. Ah, e, claro, recebeu o Nobel da Paz em 1922. 

Figuras como essa me fazem pensar naquilo que faço da minha vida. Há dias em que não faço ou não quero fazer nada, e isto não significa que um pouco de descanso não seja necessário, mas muitas vezes penso que não dou o meu melhor em tudo o que faço. Tenho para mim que precisamos viver cada dia como se vivêssemos o único dia que temos (alguns dirão que, de fato, só temos o presente, pois o passado já não volta e o futuro é algo que ainda não aconteceu). Apesar de acreditar nisso, sei que há dias em que me esqueço de ser minha melhor versão. Por isso figuras como a de Nansen são necessárias, eu penso, porque funcionam como um lembrete de que é possível sermos melhores (com ou sem Nobel). 

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Um grande abraço e excelentes navegações.

Rô.

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