Olá, navegante! O inverno chegou por aqui. Como uma amante do frio (e das cobertas e edredons), estou muito contente com o tempo que está fazendo. Pra mim, esse tempo pede um certo recolhimento, mas também me deixa animada para organizar minhas atividades. E, dentre elas, está a minha agenda 2030.
Se você volta e meia faz uma visita aqui no blog, já deve ter lido algo sobre a Agenda 2030. Em 2017, a ONU declarou a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, que tem sido chamada de Década dos Oceanos. Foi, então, elaborada a Agenda 2030, uma espécie de plano de ação, em que constam 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e 169 metas. Esses objetivos e metas expressam a ambição dos países concordantes em atuar para a diminuição da desigualdade, extinção da fome, para o controle das mudanças climáticas, distribuição de água e proteção dos oceanos, entre outras preocupações – todas tendo em vista um mundo melhor e, como não poderia deixar de ser, apoiadas nos direitos humanos. Uma visão que, ainda que possa parecer utópica para alguns, bem poderia ser a visão de todos, todos os dias, em todos os âmbitos de nossas vidas. Infelizmente, os últimos anos não têm sido muito animadores, seja no Brasil seja em outros países (o atual presidente de nosso país, por exemplo, vetou, no finalzinho do ano passado, as metas da ONU, no PPA, plano plurianual. Se quiser ler a notícia, clique AQUI). As decisões políticas totalitaristas que vêm ganhando espaço no cenário mundial acabam por jogar um balde de água fria nos ânimos – e água não se desperdiça! Não podemos, porém, deixar arrefecer nossa vontade de termos um mundo melhor. Sejamos esse mundo melhor.
Pensando nisso, decidi elaborar uma espécie de agenda prática, para me colocar em ação nesta Década dos Oceanos. Para isso, parti dos ODS estipulados no plano da ONU e que são os seguintes (se quiser ler o documento com todos os 17 ODS e 169 metas, clique AQUI):
Esses objetivos dependem, em grande medida, da ação de políticas nacionais. Se dermos uma olhada nas metas associadas ao primeiro objetivo, por exemplo, encontraremos, no item 1.3 da Agenda: “Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados,para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura substancial dos pobres e vulneráveis“. Essas “medidas e sistemas de proteção social” devem ser pensados pelos governos de cada país e aplicados nacionalmente.
Dentre esses objetivos, também é interessante observar quais estão mais intrinsecamente relacionados ao mundo da oceanografia. Os objetivos 6, 13, 14 e 15 falam, de maneira mais direta, a todos os que trabalham com os oceanos e afins.
Lendo os ODS, podemos nos sentir, de certa forma, distanciados das responsabilidades envolvidas. Afinal, que medidas poderíamos individualmente tomar para implementar sistemas de proteção social no país, não é mesmo? Mas, a verdade é que, mesmo em relação a esses itens aparentemente tão distantes da nossa alçada, temos poder de atuação. Na verdade de forma até que bem simples: votando bem, selecionando adequadamente os dirigentes do país. Precisamos estar atentos às decisões políticas atuais, para que nas próximas eleições (toc, toc, toc…) possamos eleger alguém que de fato represente a diversidade e a totalidade da nação.
E com relação a ações práticas e cotidianas? Bom, aí é que resolvi elaborar meu plano de ações para a década. Para fazer isso, tentei responder a algumas perguntas:
- Quais os temas-chave dos ODS?
- De que forma eu me insiro no contexto desses temas?
- Dentro desses contextos, qual o meu raio de atuação?
Os temas podem ser resumidos, grosso modo, em: igualdade (social, de gênero, de acesso a bens e recursos), saúde e bem-estar, preservação da natureza, sustentabilidade (em diversas áreas), educação. Claro que os temas são mais desenvolvidos do que isso, existem nuances que demandariam o acréscimos de alguns itens, mas estou tentando facilitar a visualização do todo.
No meu caso, me insiro nesses contextos como cidadã brasileira, mulher e branca, como pertencente a um grupo social que tem acesso aos bens e recursos básicos e à educação. E sou consumidora numa sociedade de consumo (há quem diga que também somos commodities; vide como somos tratados por redes sociais e canais de tv, enfim…).
Identificar meu raio de atuação parece o mais difícil, porque muitas vezes nossas ações alcançam mais longe do que podemos assumir a princípio. Mas, vejamos… como cidadã, acredito que o voto seja o ponto essencial; além disso, há os pequenos deveres cotidianos, tais como respeitar os bens públicos e pagar impostos; mas como cidadã também posso me posicionar em prol do emponderamento feminino (vide ODS 5) e das minorias que precisam de espaço e voz. Reconhecer que faço parte de um grupo privilegiado, pelo simples fato de ter podido estudar tranquilamente a minha vida toda é essencial; é necessário ter essa clareza para que se possa analisar devidamente os desbalanços sociais que nos circundam; entender devidamente a função das cotas nas universidades, por exemplo, é uma das consequência de se reconhecer devidamente tais privilégios. E no que diz respeito a meu papel de consumidora, basta saber que sou responsável não apenas pelo que adquiro, mas também pelo que produzo, seja enquanto demanda, seja enquanto lixo.
Com tudo isso em mente, cheguei ao seguinte plano, minha agenda para a década:
- Reciclar, reduzir, reutilizar: separação do lixo, redução do consumo em geral (inclusive da ingestão de alimentos), ressignificação de objetos, uso consciente de produtos de limpeza, higiene e medicamentos;
- Dar suporte a produtores locais;
- Trabalhar para a divulgação de temas relacionados ao meio ambiente, utilizando as ferramentas de que disponho (blog e redes sociais, por exemplo);
- Encontrar formas de tornar o meu entorno mais sustentável: mecanismos para reuso de água, captação de energia solar, composteira, plantio de árvores;
- Desenvolver algum trabalho voluntário;
- Dançar, meditar e amar, porque acredito que somos uma combinação de corpo, mente, emoções e espírito. E acredito que estamos no mundo para sermos a melhor versão de nós mesmos;
- Revisar este plano anualmente.
Meu plano é bem singelo, como você pode ver. Não tenho grandes pretensões. Reconheço meus limites. E acredito verdadeiramente que podemos ser a mudança que queremos ver.
Não sei, pra ser honesta, o alcance de um plano tão limitado como o meu. Talvez você até o ache insuficiente. Será?
Se você ficou até aqui comigo, navegante, eu gostaria muito de saber sua opinião. O que você acha da Agenda 2030? Como você acredita que pode contribuir para colocar esse plano em ação? Compartilhe aqui com a gente.
Fico por aqui.
Um grande abraço e excelentes navegações.
Rô.
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