Boa tarde, navegante!
Após ter ficado quase dois meses sem postar nadinha por aqui, volto com muito pra contar e mostrar.
A ausência se explica facilmente: muitas provas e trabalhos. Dizem que o terceiro semestre de oceanografia no IO é o mais pesado, no que diz respeito à quantidade de tarefas. E parece que é isso mesmo. As atividades (incluindo provas) são quase semanais. E há semanas em que temos duas ou três tarefas, todas valendo nota. Uma loucura. Mas, estou muito tranquila este semestre. A reclamona do semestre passado deu uma folga (que, espero, será prolongada ad aeternum).
Vou começar com Invertebrados (aliás, terceira prova amanhã).
Apesar de a prova que incluía crustáceos já ter passado, ei-los aqui:
Imagino que você possa reconhecê-los com tranquilidade, não é mesmo?
O da esquerda é um ermitão. Aquela parte molenga do seu corpo é a que fica escondida em conchas ou outros abrigos.
Agora, o mais surpreendente: a larva Palinura. Essa é uma larva de lagosta, que pode viver (como larva) por até dois anos. Nesta foto, podemos vê-la numa placa de petri. Achei a coisa mais fofa!
Já ouviu falar em Lofoforados? Imagina pronunciar “lofoforados” com a boca cheia de farelos de pão. Faça o teste: lo-fo-fo-rados. Trata-se de um superfilo, cuja característica mais marcante é a presença de lofóforos, projeções ciliadas, tentaculares, que circundam a boca do animal e que têm por função trocas gasosas e alimentação.
Esses são exemplares coloniais do filo Bryozoa. Abaixo, um exemplar de Brachiopoda, solitário. Os lofóforos dos braquiópodes ficam dentro das valvas.
Algumas pessoas não veem muita graça nesses bichinhos. É preciso olhar com cuidado. Há muitas maravilhas acontecendo em cada um deles.
Mas não há dúvidas de que os Echinodermata são os favoritos:
Esse ouriço é ou não uma graça? Corpo globoso, levemente bilateral, endoesqueleto calcário de placas fundidas e dentes…gente, o bichinho tem dentes! Os dentes fazem parte da célebre Lanterna de Aristóteles.
Acho que não dá pra ver as diferenças, mas essas duas estrelas não são iguais. A primeira habita regiões de substrato consolidado, como recifes de coral, por exemplo. Já a segunda é encontrada em regiões de substrato não consolidado. Certamente não dá pra ver nessas fotos, mas as estrelas possuem umas projeções chamadas pápulas, que fazem trocas gasosas. No caso das estrelas de substrato não consolidado, as pápulas são protegidas por paxilas, afinal, as partículas em suspensão poderiam prejudicar o trabalho das pápulas. Na lupa foi possível ver as paxilas. Elas são muito, muito lindas. Elas têm um desenho que lembra o formato de flores, todas encaixadas. Difícil descrever.
E se você sempre pensa em estrelas de cinco braços, pense novamente:
Abaixo, um exemplar de crinoide.
E uma bolacha-da-praia:
Agora…eu não costumo achar os bichinhos feios…mas os pepinos-do-mar…tão gosmentos…tadinhos…
Para fechar a parte de invertebrados, dois filos de Chordata:
Um anfioxo, do filo Cephalochordata:
Pequenininho, não é? O anfioxo é um animal filtrador e apesar de as imagens dos livros quase sempre ilustrarem o bichinho com a região ventral para baixo, o anfioxo vive com a região ventral para cima, porque é nessa região que ficam estruturas importantes como os cirros, os tentáculos e as pregas metapleurais.
Abaixo, uma ascídea, do filo Tunicata:
Talvez não dê pra ver muito bem, mas esse animalzinho tem dois sifões (um inalante e outro exalante), dispostos quase que lado a lado. Duas curiosidades: a ascídea, animal séssil, apresenta um estágio larval girinoide livre-natante; e a concentração de metais no sangue da ascídea pode chegar a ser 100 vezes maior do que a concentração na água do mar, isso porque seus tentáculos são carregados eletricamente. Demais, né?
Mas essas últimas semanas não foram só de invertebrados. Aprendi a fazer alguns nós:
Trabalhei no laboratório de geologia:
Vi coisas interessantes pelo campus e fora dele:
Muito para os olhos e para a alma.
Infelizmente, não tem sido só um período de belezas. A USP vem enfrentando um dos momentos mais difíceis de sua história. A greve, já declarada em vários institutos, ganha força e se faz crescente e necessária.
Além disso, os últimos acontecimentos políticos de nosso país, bem como a violência (com destaque, atualmente, para a violência contra a mulher) e a impunidade, me fazem tecer dúvidas acerca de nossa humanidade. Quero acreditar, porém, que toda os manifestos e vozes que têm se levantado por todas as partes sejam um indício veemente de que nem tudo está perdido.
Hoje fico por aqui, navegante.
Um grande abraço e excelentes navegações.
Rô.
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